15 de maio de 2011

Portugueses viajam sem as vacinas obrigatórias

Desde que aumentou o preço das vacinas, no início do ano, o número de portugueses que vão à consulta do viajante diminuiu. Esta consulta é aconselhável para quem viaja para países onde existem doenças endémicas, como a febre-amarela, febre tifóide ou encefalite japonesa.

Na consulta do viajante do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o número de utentes caiu nos últimos meses, em comparação com 2010: em Março do ano passado, foram atendidos 79 viajantes; em Março deste ano, foram 59. O número de doses de vacinas administradas no mesmo período também diminuiu consideravelmente: 172 em Março de 2010, enquanto no mesmo mês deste ano foram 115 as doses administradas.

Verónica Almeida, 31 anos, enfermeira daquele serviço, afirma ao CM que "há utentes que recusam ser vacinados porque dizem que é muito caro. As pessoas que viajam em trabalho e não em lazer não compreendem porque têm de pagar tanto pelas vacinas e por que motivo esse custo não é suportado pelas empresas". A enfermeira sublinha que as "pessoas escolhem as vacinas e optam pelas que são, de facto, indispensáveis".

O sentimento de revolta face ao custo das vacinas é comum aos viajantes. "Muitas pessoas protestam e algumas deixam as queixas no Livro de Reclamações, porque dizem que sai muito cara a vacinação. Muitas reclamações são de famílias: por exemplo, um casal e dois filhos pagam mais de 400 euros", afirma Verónica Almeida.

Sandra Caldeira, de 49 anos, gestora brasileira a viver em Portugal há 20 anos, prepara-se para viajar para o Brasil e seguir depois para a Namíbia. "Não sabia que a vacina passou a custar cem euros. Se soubesse do aumento do preço já tinha vindo à vacinação mais cedo, porque é muito cara", queixa-se.

Como não ia preparada para pagar "tanto dinheiro" pela vacinação, a cidadã brasileira acabou por não pagar, tal como acontece com outros utentes. "Mais tarde recebe a conta em casa para pagar", esclarece a enfermeira Verónica Almeida.

FONTE: Correio da Manhã

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