19 de maio de 2011

Rede mafiosa destrói casa de juiz

Impunham segurança privada e não hesitavam em ameaçar e agredir quem lhes fizesse frente.

Confiantes de que nada lhes fazia frente, dominavam o Vale do Sousa através do terror. A sensação de impunidade era tal que, além de agredirem violentamente um subcomissário da PSP, vigiaram-no e ameaçaram a sua família. Fizeram o mesmo a um juiz da zona, tendo chegado a provocar danos na sua habitação para que o magistrado precisasse dos serviços dos seguranças. Partiram os portões de entrada da moradia, destruíram portas e janelas. O objectivo era claro: intimidar o juiz, para que aquele passasse a depender deles.

Anteontem, o reinado do grupo, que já era conhecido como a máfia do Vale de Sousa, acabou. A PJ do Porto, que desencadeou uma das maiores operações dos últimos anos, prendeu 26 suspeitos e levou-os a tribunal para serem interrogados. As medidas de coacção não são ainda conhecidas.

Os suspeitos fazem parte de dois grupos distintos, mas que se misturam na actuação. Os ‘Peixeiros', de Penafiel, e o gang do ‘Tozé' - sócio de uma empresa de segurança do Porto - trabalhavam em conjunto para impor segurança em cafés, discotecas e até farmácias. Quem não pagasse era agredido ou corria o risco de ver os estabelecimentos destruídos.

FAMÍLIAS APOIAM SUSPEITOS E POPULAÇÃO REVELA MEDO

Dois tipos de sentimentos antagónicos, separados por uma estrada. De um lado, junto ao tribunal, mais de cem pessoas - familiares e amigos dos elementos do grupo - manifestavam o seu apoio aos suspeitos enquanto criticavam polícias e ameaçavam jornalistas. Do outro lado, nos cafés e nas ruas, muitos penafidelenses não escondiam que queriam vê-los presos. ‘Eles' eram os ‘Peixeiros', velhos conhecidos da terra, jovens que há muitos anos praticam crimes de forma quase descarada. Todos lhes têm medo, são muitos os que conhecem histórias de alguém que foi ameaçado ou agredido. Mas ninguém dá a cara, ninguém assume as acusações, apenas são audíveis desabafos e o desejo de que "seja desta que ficam na cadeia".

FONTE: Correio da Manhã

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