Crise leva idosos a recorrer às Urgências em vez das farmácias para adquirir remédios.
Há cada vez mais pobres, sobretudo idosos, que recorrem às Urgências dos hospitais para pedirem medicamentos, por não terem dinheiro para os comprar nas farmácias. A denúncia é de Miguel Sampaio, da Unidade de Acção Social do Hospital de São João, no Porto, que alerta para um fluxo de trabalho nunca antes visto nos gabinetes de apoio social das unidades hospitalares.
"Isto acontece em todos os hospitais do País. Só pelas minhas mãos, passam cerca de 60 casos por mês de doentes a necessitar de assistência social. Há situações de toxicodependentes, mas também de idosos sem retaguarda familiar e cada vez mais pessoas, sobretudo as que auferem reformas baixas, que não têm dinheiro para os medicamentos", afirmou Miguel Sampaio.
O problema, aponta, é a falta de comparticipação nos medicamentos. "Há pessoas com problemas respiratórios, que, sem dinheiro para as bombas das nebulizações, vão propositadamente à Urgência, para assim fazerem o tratamento. Mas há também diabéticos, hipertensos e outros que, perante a necessidade de tomar medicação, que não é comparticipada, se dirigem à Urgência do hospital", acrescentou Miguel Sampaio, no programa ‘Porto de Abrigo’, uma parceria Correio da Manhã/Rádio Festival.
Um atendimento na Urgência custa ao Estado, em média, 170 euros. Para este especialista em acção social, uma solução mais económica passaria pelo pagamento dos medicamentos às pessoas. "Uma ida à Urgência ou uma cama hospitalar, que custa 400 euros por noite, em média, fica muito mais caro do que proporcionar aos utentes a medicação e assistência social", diz Miguel Sampaio.
Para Carlos Esteves, da Associação Nacional de Farmácias, "graças à redução do preço dos medicamentos e às comparticipações, os reformados com pensões abaixo do ordenado mínimo têm os medicamentos para doenças crónicas a custo zero ou perto disso". "Não podem é escolher marcas", conclui.
FONTE: Correio da Manhã
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