Miguel
Reis, do intitulado Movimento de Médicos com CIT, disse à Agência Lusa
que a indignação está a crescer de dia para dia, como provam os 800
médicos que já fazem parte de um grupo criado numa rede social.
Em
causa está um artigo da proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2012,
segundo o qual "os níveis retributivos, incluindo suplementos
remuneratórios, dos trabalhadores com contrato de trabalho no âmbito dos
estabelecimentos ou serviços do SNS com a natureza de entidade pública
empresarial não podem ser superiores aos dos correspondentes
trabalhadores com contrato de trabalho em funções públicas inseridos em
carreiras gerais ou especiais".
Segundo
Miguel Reis, são cerca de 6 mil os médicos com CIT que, graças a esta
modalidade contratual, auferem vencimentos mais elevados do que os
trabalhadores da função pública. Esta diferença é mais significativa nos
hospitais da periferia que optaram por oferecer mais dinheiro aos
profissionais para os colocar no interior.
A
ser concretizada a proposta do OE, haverá diminuições na ordem dos 80
por cento em alguns vencimentos, segundo Miguel Reis, para quem pode
tornar-se "mais vantajoso" abandonar o SNS e procurar outras saídas
profissionais, seja no sector privado ou fora de Portugal.
Este
anestesista no Centro Hospitalar do Médio Tejo garante que a indignação
está a crescer nestes profissionais, que estão determinados a lutar
pelos seus direitos e cujos planos incluem a possibilidade de criarem
uma associação com que se sintam mais representados.
"Não
temos carreira, nem benefícios de funcionários da função pública. Se
nos querem tirar até dois terços do vencimento, é preferível pensarmos
em outra saída", disse. Entre as hipóteses que estes profissionais estão
a ponderar como reacção à medida está a greve ou, em último caso, o
abandono do SNS, através de uma rescisão em massa.
No
seu site, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) publicou um
comunicado em que afirma parecer ser claro que "o Governo - que se
recusou a discutir uma grelha salarial para médicos em CIT, e em regime
de 40 horas, que trabalham nos Hospitais e Unidades Locais de Saúde EPE,
vai agora impor uma grelha atamancada derivada da antiga e revogada
tabela da função pública".
"Mais
grave é que, depois de 10 anos de hospitais empresa, em que não se
estabeleceram quaisquer regras para os vencimentos dos médicos e em que o
mercado ditou leis, inclusive com canibalização entre várias unidades
do SNS, vai agora o Governo, escudado na Lei do Orçamento de Estado,
reduzir e ajustar os vencimentos", lê-se no comunicado.
Para
o SIM, a "simples redução ou alteração remuneratória do que estava
acordado em CIT é motivo bastante para rescisão unilateral de contrato
por parte dos médicos".
Este sindicato alerta para o facto de os médicos em CIT já serem seis mil "o que pode lançar o caos no SNS".FONTE: Correio da Manhã
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