Simulação
de crime, para enfiar na cadeia um inocente pela falsa tentativa de
matar um polícia, por vingança pessoal deste; ao todo quatro agentes da
PSP envolvidos, no Cacém. Corrupção, ao receberem dinheiro de condutores
para fechar os olhos a multas de trânsito, no destacamento da GNR de
Coina, no Barreiro; seis militares suspeitos. E furto de dinheiro, aos
próprios colegas da PSP, dentro da esquadra de Portalegre; um chefe
suspenso.
Ao todo, 11 polícias sob investigação,
apurou o CM. Só que se nos crimes de Coina e de Portalegre, um por via
da Judiciária de Setúbal, outro internamente na PSP, os processos estão
em marcha, no Cacém, em que há fortes suspeitas de uma associação
criminosa com pelo menos quatro polícias, na cilada a um inocente, o
único arguido é, por agora, precisamente este.
Os
principais suspeitos da PJ de Lisboa, cuja investigação restituiu a
liberdade a Mário Brites, depois de cinco meses preso injustamente, são
os agentes Luís Maria e António Nereu. O primeiro, ao tramar o vizinho
pela quezília antiga por causa do condomínio, inventando que este o
tentou matar com dois tiros à porta do prédio. E, o segundo, ao servir
de testemunha do colega.
Mas o CM sabe que na
noite de 30 de Abril, antes da armadilha que levou a vítima à cadeia por
um crime que não cometeu, pelo menos mais dois polícias lá estavam –
colegas de Nereu e de Luís Maria. Assistiram à encenação montada por
estes dois e, por omissão, são cúmplices de crimes como simulação de
crime, abuso de poder, falsificação e denúncia caluniosa.
Foram
vistos, à civil e armados, pelas mesmas testemunhas que ajudaram a
desmontar a tese de Luís Maria e António Nereu, ao contarem à PJ que não
houve ali um só disparo por parte de Mário Brites. A investigação a
pelo menos quatro polícias está agora dependente do Ministério Público
de Sintra, que há cinco meses prendeu um inocente.
RECUSA DAR TESTEMUNHA AO TRIBUNAL
O
agente Luís Maria disse à juíza ter sido alertado por um vizinho, via
telemóvel, da presença de Mário Brites no prédio para o matar.
A
magistrada quis saber quem é o vizinho, mas o polícia recusou dar o
nome, para o proteger. A juíza insistiu, ordenou, e Maria não diz quem
é. Incorre em desobediência.
COLEGAS MONTAM CILADA PARA APANHAR CHEFE A ROUBAR
Durante
meses, o chefe J. Durão, da esquadra de Trânsito da PSP de Portalegre,
conseguiu roubar o dinheiro dos próprios colegas. Todo o dinheiro,
largas centenas de euros, que os polícias colocavam nos cacifos era
levado pelo chefe da PSP. Desconfiados, os agentes montaram uma cilada e
marcaram as notas: convidaram o chefe para um café e viram-no a pagar a
conta com o dinheiro roubado. Formalizada a queixa, a Direcção Nacional
da PSP ordenou a sua suspensão há cerca de 15 dias. Foi aberto
processo-crime e, segundo fonte policial, será reformado
compulsivamente.
PSP INVESTIGA FURTO E ORDENA SUSPENSÃO
Quando
a PSP teve conhecimento de que o chefe J. Durão era o responsável pelos
furtos no interior da esquadra de trânsito de Portalegre desencadeou
logo um processo disciplinar. "Confirma-se a suspensão de um chefe da
PSP", adiantou ao CM o porta-voz da Direcção Nacional, comissário Paulo
Flor. "A PSP continuará a promover as acções necessárias para garantir
que as situações desviantes e/ou criminais sejam investigadas e
sancionada."
SEIS GUARDAS SUBORNADOS PARA ESQUECEREM MULTAS
Seis
militares do posto de trânsito da GNR de Coina, Barreiro, estão a ser
investigados por suspeitas de corrupção. A investigação, da Polícia
Judiciária de Setúbal, foi desencadeada por várias queixas apresentadas
por condutores, e os visados estão já a ser interrogados.
Contactada
pelo CM, fonte oficial da GNR adiantou não querer comentar
investigações. No entanto, ao que apurámos, os factos em causa remontam a
2009 e ter-se-ão estendido ao corrente ano.
Os
seis visados pela denúncia faziam parte das Equipas de Fiscalização do
posto de trânsito de Coina. Trata-se de uma unidade cuja principal
tarefa é detectar e autuar as infracções de trânsito. Os queixosos
alegam que os seis militares investigados terão exigido dinheiro para
fechar os olhos a infracções de trânsito – tais como condução a falar ao
telemóvel, falta de seguro ou da inspecção periódica dos veículos. A
Polícia Judiciária já começou a interrogar os militares em causa, nas
instalações do Departamento de Investigação Criminal de Setúbal.
Um
dos guardas já ouvidos em declarações está indiciado noutro
processo-crime, desta feita por ofensas corporais. Em causa está uma
denúncia de um colega, que o acusa de agressões no local de trabalho. Se
a corrupção se confirmar, os seis arriscam expulsão da GNR e cadeia.
PJ DE SETÚBAL JÁ FEZ VÁRIOS INTERROGATÓRIOS
Os
investigadores da Polícia Judiciária de Setúbal, órgão com competências
exclusivas para o apuramento de crimes de corrupção, já efectuou várias
diligências para apurar a veracidade das denúncias apresentadas contra
os seis militares de Coina. Foram já feitos vários interrogatórios, mas
não foi possível apurar se já há arguidos.
FONTE: Correio da Manhã
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