12 de outubro de 2011

Mira Amaral diz que compete ao Governo e não ao BIC colocar dinheiro no BPN




Lisboa, 11 out (Lusa) - O presidente do Banco BIC, Luís Mira Amaral, disse hoje à Lusa desconhecer qual é a situação líquida do Banco Português de Negócios (BPN) e de quanto dinheiro o Governo necessita para recapitalizar o banco.
Em declarações à Lusa, Mira Amaral recusou que esteja a exigir mais do que acordou a 31 de julho, quando assinou com o Governo uma intenção de compra do BPN.
O Jornal de Negócios noticia hoje que o Banco BIC está a colocar ao Estado exigências no âmbito da negociação do contrato-promessa que comprometem a transação, nomeadamente a injeção de capital de 850 milhões de euros em vez dos anteriores 550 milhões de euros.
O presidente do Banco BIC nega tal situação e adiantou à Lusa que não quer "nem mais nem menos" daquilo que "está no acordo assinado a 31 de julho" e que "mereceu a aprovação de ambas as partes".
Mira Amaral frisou não ter "nenhuma informação sobre o BPN desde 31 de julho" e acrescentou que o o Governo "tem de fazer as contas para ver quanto é que tem de dotar de capital [o BPN] por forma a respeitar os rácios de solvabilidade que foram acordados connosco".
Questionado de quanto seria esse montante, Mira Amaral disse não saber responder porque não sabe "qual é a situação atual do BPN", acrescentando que, a 31 de julho, quando propôs ao Governo a compra do banco, o fez com "base de um balanço da altura e a partir do qual detinha uns rácios de solvabilidade que teríamos de manter", sendo de 500 milhões de euros.
O presidente do Banco BIC defendeu-se que nunca negociou com o Estado qualquer montante a injetar no BPN, mas apenas que seria da responsabilidade do Governo recapitalizar o banco no sentido de cumprir "aquilo que o Banco de Portugal e a 'troika' exigem em termos de rácio de solvabilidade".
Segundo o memorando de entendimento, todos os bancos em Portugal devem atingir um rácio de capital 'core Tier' 1 de 9 por cento até ao fim de 2011 e de 10 por cento até ao fim de 2012.
"Não sei qual é o capital que o Estado precisa para recapitalizar o BPN, não sei qual é o capital que o banco tem neste momento e não estou a gerir o balanço do BPN", frisou Mira Amaral.
O presidente do Banco BIC fez questão de explicar que o acordo de 31 de julho "tinha de ser vertido num documento jurídico, que seria o contrato-promessa de compra e venda e a nossa expetativa é que esse contrato traduzisse exatamente o que estava no 'powerpoint' de julho', o que não aconteceu.
Mira Amaral adiantou que, já no início de setembro, o Governo enviou um texto de acordo para ser assinado pelo Banco BIC e que "não o assinámos porque não era aquilo que tínhamos acordado". Nessa altura, continua, "devolvemos o documento com um texto alternativo e é isso que está em negociação neste momento".
A 31 de julho, o Governo e o Banco BIC acordaram a compra do BPN por 40 milhões de euros e a manutenção de 750 postos de trabalho dos cerca de 1600 trabalhadores do banco nacionalizado.
A celebração do contrato deverá ocorrer num prazo máximo de 180 dias, tendo em conta "a necessidade de estabelecer um prazo de conclusão das negociações em exclusividade, e, caso as mesmas sejam bem sucedidas, da obtenção dos pareceres e autorizações por parte das entidades reguladoras e da celebração dos contratos".
O Governo adiantou na altura que a recapitalização do BPN, prévia à transmissão das ações, atingirá os cerca de 550 milhões de euros, sendo o total do custo do Estado com o BPN, descontado do preço de venda, nesta data, de cerca de 2,4 mil milhões de euros.

FONTE: MSN Notícias

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