Marinho Pinto e Carvalho da Silva fazem parte da
lista de 49 personalidades públicas com avenças semanais na RTP e na
RDP. O líder da CGTP ainda não assinou o contrato com o canal do Estado,
mas a verba que foi acordada é de 600 euros por cada programa,
transmitido uma vez por semana - 2400 euros por mês. Esta é a mesma
remuneração que recebe o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho
Pinto, e também o presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores, pelo
programa ‘Justiça Cega', todas as segundas--feiras na RTP Informação.
O
CM teve acesso à lista de parceiros sociais, juízes e políticos a quem o
ministro dos Assuntos Parlamentares mandou cortar as avenças na
televisão e na rádio do Estado. Em declarações ao CM, Miguel Relvas
garante que "o Governo deu indicações concretas ao Conselho de
Administração da RTP e da RDP para eliminar de imediato as avenças aos
titulares de cargos públicos, sejam deputados, juízes, parceiros sociais
ou gestores de empresas públicas". A lista é extensa e inclui diversos
nomes como o juiz Rui Rangel ou o último ministro das Obras Públicas do
Governo de José Sócrates. António Mendonça recebe por semana 600 euros,
pela sua participação no ‘Mais Valias'. É neste programa de economia que
também participa Carvalho da Silva, da CGTP, todas as quartas-feiras na
RTP.
Mas não é só na RTP que entram políticos e
outras figuras com cargos públicos. O próximo presidente da ERC, Carlos
Magno, recebe uma avença mensal de 1900 euros pelo programa
‘Contraditório' na Antena 1, onde as avenças também vão acabar: "A RTP e
a RDP não podem ficar à margem do esforço financeiro que está a ser
exigido a todos os portugueses neste momento de emergência nacional".
Por isso mesmo, acrescenta: "Terá de haver uma profunda alteração."
NUNO SANTOS CONFIRMA PAGAMENTOS
O
director de Informação da RTP, Nuno Santos, confirma ao CM que "as
avenças são pagas por programa" - semanais em quase todos os casos. As
aparições oficiais das personalidades públicas noutros programas já não
são pagas. Santos não comenta se já recebeu alguma instrução do Conselho
de Administração para acabar com as avenças.
POLÍTICOS DIZEM QUE MANTÊM PRESENÇA
O
eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, diz ao CM que "todo o trabalho deve
ser pago, ainda que simbolicamente". Mais: "O comentário político
regular é trabalho, não é inerência." Ainda assim, Paulo Rangel frisa
compreender a medida e garante que, mesmo sem avença, continuará a
comentar.
Por seu lado, Bagão Félix afirma que
não se quer pronunciar sobre a medida porque não a conhece. Mas lembra:
"Gostaria de acrescentar que não tenho cargos políticos." Carlos Magno,
dado como próximo presidente da ERC, recusa falar "sobre o futuro" e,
portanto, não quer comentar nada. Também o juiz Rui Rangel prefere não
falar sobre a avença semanal: "Não confirmo, nem desminto".
Moita
Flores diz que nunca lhe pagaram nada para ir à televisão pública: "A
única vez que recebi alguma coisa foi quando fazia os ‘Casos de
Polícia'".
Já o deputado do PSD Miguel Frasquilho
garante que não deixará de ser "comentador da RTP". A maioria dos
políticos contactados preferem não comentar o assunto.
CORTAR 300 CARGOS NA TELEVISÃO DO ESTADO
O
estudo preliminar apresentado pelo Conselho de Administração da RTP ao
ministério tutelado por Miguel Relvas aponta para a necessidade de
reduzir o número de cargos de chefia e do número de efectivos. As
estimativas indicam o corte de cerca de 300 postos de trabalho entre
cargos dirigentes e não dirigentes.
VÊM AÍ MAIS CORTES NOS SALÁRIOS
Os
cortes anunciados pelo Governo também atingem a RTP. O executivo deverá
limitar os vencimentos do grupo de televisão pública à remuneração do
Presidente da República - nunca superiores a 6500 euros. Isto porque, no
grupo de televisão e rádio do Estado, há jornalistas e chefias que
ganham mais que Cavaco Silva.
FONTE: Correio da Manhã
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