9 de setembro de 2011

José Veiga salva milionário sequestrado no Brasil

Emídio Mendes foi internado às ordens da mulher e libertado pelo ex-dirigente do Benfica.

Estava de regresso a Santos, tratado um negócio em São Paulo, e o motorista "parou na oficina", conta ao CM Emídio Mendes – empresário que aí foi "sequestrado por quatro homens, a pretexto de internamento compulsivo", às ordens da mulher e do irmão, cônsul de Portugal em Santos. "Para me ficarem com o dinheiro." O milionário português acabou enfiado numa carrinha – e só no dia seguinte foi libertado pela polícia, graças à intervenção do amigo José Veiga, ex-administrador da SAD do Benfica, que viajou para o Brasil.

O crime remonta à tarde de 30 de Abril de 2009 – e a Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil está a concluir a investigação. Maria da Graça, mulher do empresário – presidente do Riviera Group, dono de hotéis e com investimentos no imobiliário, turismo e comunicação social em Portugal e no Brasil –, é para já a única indiciada pelo sequestro.

Emídio Mendes, 65 anos, não tem antecedentes por perturbações psíquicas, mas foi levado à força para um hospital psiquiátrico. O seu advogado, Roberto Delmanto, diz que "o plano foi orquestrado pela Graça e por Arménio Mendes", irmão do empresário e cônsul em Santos. "Assinaram a ordem de internamento." Por seu lado, a mulher e o irmão de Emídio negam qualquer crime.

"O José Veiga é que me alertou para os planos da minha mulher, ela já lhe tinha dito que eu não estava no meu juízo perfeito e precisava de ser internado", diz Emídio. Trancado na clínica, tinha um telemóvel escondido e ligou a José Veiga. Face ao "desespero" do amigo, Veiga entrou em contacto com Paulo Santana Lopes, então director da área imobiliária do grupo, e viajaram ambos para o Brasil. No dia seguinte, Emídio foi libertado pela polícia e pelos seus advogados.

IMPÉRIO DE MILHÕES COM 30 ANOS


Visivelmente abalado, Emídio Mendes lamenta ao CM que na origem do sequestro esteja a sua fortuna. "Os meus filhos, a minha mulher e os meus irmãos queriam acabar comigo para ficar com o meu dinheiro", acusa.

Com mais de 30 anos de existência, o Riviera Group nasceu em Portugal, mas logo atravessou o Atlântico para se estabelecer no Brasil. A pedreira Massaguaçu, em São Paulo, e o grupo Imprensa Livre são alguns dos grandes investimentos. Em Portugal detém o hotel Riviera, em Carcavelos, Cascais, bem como a urbanização de luxo Jardins do Mondego, em Coimbra. Emídio revelou ainda que foram "tempos muito difíceis após o sequestro", pois muitos administradores abandonaram a empresa e os negócios "empancaram", o que lhe causou "centenas de milhares de prejuízos".

MULHER E FILHO "SOFREM DO VÍCIO DO JOGO"


Casado há 35 anos e com um casal de filhos, Emídio nunca pensou que tal coisa pudesse vir a acontecer. "O que me move é ter uma família unida e quando os meus filhos me dizem que a família acabou...", recorda emocionado. De acordo com Emídio, a mulher – o processo de divórcio está a decorrer – "é incapaz de largar o vício do jogo e o meu filho também é viciado. Desconfio que também tenha problemas com droga". Contactada pelo CM, Maria da Graça garante ter tido "razões" para aquilo e diz que "não foi um sequestro, mas sim uma tentativa de internamento", escusando--se a fazer mais comentários.

"AINDA IMPLOREI À MINHA MULHER PARA PARAR"

"Foi tudo muito traumático", confessa Emídio Mendes, ao recordar o dia em que foi "atirado" para um hospital psiquiátrico à força, mesmo apresentando um relatório médico que atestava a sua sanidade mental. "Amarram-me os pés e as mãos enquanto implorava à minha mulher para que não me fizesse isto", recorda. Antes de ser levado, o motorista conseguiu dar--lhe um telemóvel sem que ninguém se apercebesse. "Foi o que me salvou", frisa. O advogado de Emídio conta que o seu cliente passou a noite no hospital "entre doentes mentais", tendo sido agredido por pacientes.

FONTE: Correio da Manhã

Nenhum comentário:

Postar um comentário