11 de setembro de 2011

Suspeitas: Milhões da família do ex-primeiro-ministro


A 20 de Março de 2001, o tio de Sócrates tinha 163 milhões numa empresa offshore, depois de ter vendido milhares de acções de grandes empresas nacionais. Em menos de dois meses, o mesmo familiar do ex-primeiro-ministro movimentou mais de 300 milhões nessa mesma conta bancária, suspeitando as autoridades de que tais negócios possam configurar o crime de branqueamento. A forma como os familiares do ex-primeiro--ministro conseguiram uma liquidez financeira tão elevada é uma incógnita e cabe agora ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal esclarecê-lo. Os documentos foram entregues por Mário Machado – o líder de extrema direita que está em prisão preventiva – na PGR, em Junho do ano passado, e deram origem a um inquérito agora em investigação.

Segundo documentos que o CM consultou, a empresa em causa foi criada em Junho de 2000. A Medes Holdings LLC, com sede em Gibraltar, nomeou quatro representantes para movimentar o dinheiro: Celestino Monteiro (tio de José Sócrates), a mulher, Elvira (tia do ex--primeiro-ministro), e os filhos Carlos e Diana (primos de Sócrates).

A esses era ainda dado o direito de movimentar três contas bancárias (uma delas nas ilhas Caimão), podendo ainda dar ordens ao mercado, assinar cheques e efectuar depósitos, ou fazer levantamentos.

Os extractos de dois meses de uma dessas contas (no BNC Internacional, nas ilhas Caimão) mostra movimentos diários, de elevados montantes.

Em Janeiro, a mesma conta bancária apenas tinha um saldo positivo de três milhões, mas a venda de milhares de acções (essencialmente da PT, da EDP, da Telecom e da Portucel) fizeram os números disparar. O maior negócio envolveu a EDP. A 16 e a 20 de Março, a empresa vendeu respectivamente 55 mil e 41 mil acções. Os montantes recebidos foram de 35 e 26 milhões de euros.

LICENCIATURA NA INDEPENDENTE GEROU POLÉMICA

Em Março de 2007, José Sócrates viu-se envolvido numa polémica relativamente à sua licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente, em Lisboa. Em causa estava a autenticidade da licenciatura, uma vez que os documentos mostravam muitas irregularidades, nomeadamente o facto de a qualificação de quatro cadeiras terem sido lançadas a um domingo. Luís Arouca, reitor da Universidade, aceitou também a transferência de Sócrates do Instituto Superior de Engenharia para aquela universidade sem sequer ter recebido um certificado de habilitações. A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito, que acabou por ser arquivado.

PRESCRIÇÃO SALVOU TIO DE FRAUDE FISCAL

Júlio Monteiro, tio materno de José Sócrates, declarou, entre 2000 e 2004, 62 mil euros ao Fisco. Nas suas contas bancárias foram depositados mais 1,277 milhões de euros no mesmo período. Os valores foram apurados durante a investigação ao ‘caso Freeport’, na qual o tio do ex-primeiro-ministro nunca chegou a ser constituído arguido. Quando a eventual fraude fiscal foi descoberta, o crime já tinha prescrito.

Na altura do ‘caso Freeport’, a Polícia Judiciária fez buscas à casa de Júlio Monteiro e à contabilidade da sua empresa imobiliária em Setúbal, a ISA. Os documentos apreendidos permitiram aos inspectores chegar à conclusão de que o empresário não tinha declarado todos os rendimentos à Administração Fiscal. O sigilo bancário das contas do tio de José Sócrates também foi levantado, permitindo concluir que foram depositadas quantias muito superiores aos valores declarados.

O montante mais expressivo nas contas de Júlio está registado no ano de 2002 e ascende a 740 mil euros. Nesse ano fiscal, o empresário declarou rendimento líquido de 12 800 euros.

FONTE: Correio da Manhã

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