O aumento do crédito malparado das famílias está imparável: em Julho passado, ultrapassou os 4,38 mil milhões de euros, mais 64 milhões de euros do que no mês anterior e o valor mais alto de sempre. Por dia, o incumprimento dos particulares com as obrigações bancárias superou os dois milhões de euros. Daí o corte acentuado na concessão de créditos às famílias.
Os dados provisórios do Banco de Portugal, ontem conhecidos, deixam claro que a crise está a ter um impacto cada vez mais grave na situação financeira das famílias e dos próprios bancos, que não recebem essas verbas. À excepção do crédito ao consumo, onde houve um ligeiro decréscimo do malparado em Julho, o incumprimento dos particulares subiu nos empréstimos para a aquisição de casa e para outros fins.
O crédito malparado na habitação, que desde Março baixara da fasquia dos dois mil milhões de euros alcançada em Fevereiro, ultrapassou esse montante em Julho. E tudo indica que esta tendência irá agravar-se, devido ao agravamento da recessão económica e os seus efeitos no desemprego. Só em Julho o crédito malparado na habitação aumentou 31 milhões de euros.
Com os particulares a não pagarem as dívidas bancárias e a crise económica e financeira a agravar-se, a Banca empresta cada vez menos dinheiro às famílias: só em Julho a concessão de crédito aos particulares caiu 326 milhões de euros, com os empréstimos para a compra de casa a serem os mais afectados.
Em Julho, o crédito total à habitação ascendia a 114,14 mil milhões de euros, uma ligeira quebra face ao mês anterior. O crédito ao consumo e para outros fins tem cortes menores. Por causa da crise financeira, a Banca tem reduzido a concessão de crédito a famílias e empresas.
BCE DÁ MAIS EMPRÉSTIMOS AOS BANCOS
O financiamento da Banca portuguesa junto do Banco Central Europeu (BCE) aumentou em Agosto pelo segundo mês consecutivo, atingindo 46 019 milhões de euros, segundo o Banco de Portugal.
O nível de dependência das instituições financeiras portuguesas ao BCE aumentou 4% face a Julho (44 226 milhões de euros) e mais de 12 por cento desde o início do ano (41.008 milhões de euros).
TROIKA APERTA CONTROLO AOS BANCOS NACIONAIS
Os oito maiores bancos portugueses começaram ontem a ser alvo, no âmbito do acordo com a troika, de uma avaliação detalhada da sua carteira de créditos. No essencial, a troika quer avaliar os créditos aos 50 maiores clientes das maiores instituições : CGD, BCP, BES, Santander Totta, BPI, Montepio, Crédito Agrícola e Banif . Os banqueiros já avisaram que é preciso cuidado na forma como estes créditos serão avaliados.
FONTE: Correio da Manhã
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