4 de outubro de 2011

Doentes renais ficam sem lanche

Doentes de clínicas de hemodiálise vão ter de levar o lanche de casa. Não há dinheiro para a refeição.


A empresa Fresenius, um dos maiores prestadores de tratamentos de diálise do País, que gere as clínicas Nephrocare, vai deixar de dar lanche (pão com fiambre ou queijo e leite ou sumo) aos seus utentes, alegando a necessidade de reduzir despesas porque o Ministério da Saúde cortou, em mais de 18%, no preço que lhes pagava. Em causa estão mais de quatro mil doentes a nível nacional.
Na carta enviada a vários utentes, a Fresenius explica que, além de cortar nos lanches, vai aumentar o número de doentes seguidos por cada médico e enfermeiro. Vai reformular ou acabar com as valências de nutrição, acompanhamento psicológico, a consulta de pé diabético e fisioterapia. E vai deixar de fornecer gratuitamente remédios e exames que não se encontrem incluídos no preço pago pelo Ministério da Saúde.
Numa das clínicas da empresa em Alverca, os utentes foram avisados no dia 1 de que só teriam lanche durante mais duas semanas .
Ao CM, um dos doentes, Jaime Moreira, de 53 anos, que começou a fazer diálise em Agosto deste ano, confirmou o aviso: "Vamos passar a trazer de casa e não adianta muito queixar-me porque eles desculpam-se com os cortes."
Carlos Ferreira Silva, da Associação Portuguesa dos Insuficientes Renais (APIR), considera a medida "desumana porque, infelizmente, há muitos casos em que, por razões económicas, a única refeição que os doentes tomam é a que lhes é dada durante o tratamento".
Segundo o responsável, a empresa não é obrigada a dar comida aos doentes. "Faz isso voluntariamente há cerca de dez anos", revela Carlos Ferreira, adiantando que a APIR já enviou um oficio à Fresenius para mostrar o desacordo com a medida.
Até à hora de fecho desta edição não foi possível obter um comentário da Fresenius. 

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